sábado, 26 de julho de 2014

Primeira Tempesta (PARTE 1)

Sai do cais há alguns dias e a viagem estava tranquila até o céu começar a escurecer e olho ao redor e só vejo água. Como sempre foi, o oceano tem mistérios que ele não vai deixar você saber. Então parece que esse é o momento de lutar e não posso decepcionar aqueles que acreditam em mim. Passei minha vida decepcionando as pessoas, essa é minha oportunidade de mostrar que eu posso ser mais.

Então, com toda coragem que existe dentro de mim (eu sei que não é lá essas coisas, mas é tudo que eu tenho) , eu decido enfrentar esses gigantes amedrontadores, barulhentos e fortes.
Sou somente eu, uma garota que pela primeira vez, deixa o cais e vai para o alto mar.  Eu e meu barquinho.

- Eu acredito em você, minha filha. Ouço dentro de mim a voz daquela que sempre confiou, até quando nem eu mesma confiava.

Olho em volta procurando e chamando: MAE?
Mas não, ela não está aqui. Nesse momento vem uma onda um pouco mais forte e me joga num canto qualquer do barco. Levanto um pouco desorientada e tentando lembrar de algumas das teorias que passei minha vida inteira aprendendo antes de vir para o mar, mas não consigo lembrar de nada que possa me ajudar muito no momento. Perdida em minhas preocupações, ouço somente de uma voz masculina e suave dizendo: MANTENHA A CALMA.
Sim, eu conheço essa voz, e começo a procurar pelo dono da voz, mas não encontro-o, mas tento obedecer a voz. Isso não está funcionando agora, porque a cada estrondo do trovão, fico ainda mais desesperada. Mais uma onda balança o barco e me joga para o outro lado. 


Ah, lembrei. Preciso vestir o colete salva-vidas, caso aconteça algo pior. Não vou me entregar tão fácil. Aprendi isso com um dos meus instrutores, ele era o que mais me dava medo, mas confesso que aprendi muita coisa com ele, uma delas é não se ENTREGAR. Chamávamos ele de VÔ. Ele era meio carrancudo, e por isso criticávamos, mas nós não temos ideia das tempestades que ele já enfrentou.
Peguei o colete salva- vidas e vesti. Aiii, mas uma maldita onda me joga no chão do barco novamente. Estou preparada para não me entregar, mesmo que eu perca todos os meus bens e até o barco que passei a vida construindo para essa tão esperada viagem. 



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